Por que terapia?

Por Wanderlúcio Nunes

“Conhece-te a ti mesmo”, diz o aforismo grego. Desde Platão[1] e seus contemporâneos, já é reconhecida a importância de desenvolvermos o autoconhecimento como uma maneira eficaz para, efetivamente, encontrarmos a felicidade. Claro, buscar o autoconhecimento está ao alcance de qualquer um, sem limites nem contra indicações. Conhecer a si mesmo implica mais que um saber, um sentimento de aceitação, alguma satisfação em ser quem se é e, ainda, certa esperança no que virá pela frente.

E é por um caminho bem parecido que Nietzsche[2] define sua missão de vida, origem de suas vitórias e tragédias, ao ordenar: “Torna-te quem tu és!” Tome posse da sua vida, da sua trajetória e da sua história! Tome parte no movimento de superação de si mesmo!

O difícil, talvez, senhores pensadores, seja aplicar essas máximas em tempos de Facebook e suas postagens a cada milissegundo, do Instagram e das fotos do look do momento, da fluidez quântica dos discursos do Twitter e de tudo o que surge a cada dia. Como investir no autoconhecimento, se toda a realidade ao redor propõe a referência na tela, na imagem, na aparência?!

Não é sem razão que os gregos se resolviam – e muito bem por sinal, afinal são referências até hoje – na base da conversa. Mais de dois mil anos depois, Freud afirmava: “A ciência moderna ainda não produziu um medicamento tranquilizador tão eficaz como o são umas poucas palavras boas”[3]. As exigências da vida profissional, a família, os compromissos e a rotina do dia a dia muitas vezes não deixam espaço para a introspecção, a reflexão sobre si, sobre os sentimentos e emoções. Na Psicoterapia, encontramos toda a atmosfera (clima agradável, acolhida sentimental, confiança e sigilo) ideal para alcançar, ao mesmo tempo, a consciência e a superação de nós mesmos.

Já na segunda metade do século XX, um psicólogo alemão chamado Perls disse que a Psicoterapia é tão boa que não deveria se limitar às pessoas com problemas mentais. Isso significa que todos podem se beneficiar com ela. Por mais que eu esteja em paz e satisfeito comigo mesmo e com minha vida, sempre haverá algo a melhorar, a desenvolver, a resolver melhor (recomendo que caso não encontre nada assim na sua vida, procure um profissional com mais urgência ainda, pode ser grave!). Hoje em dia, temos teorias comprovadas cientificamente, com ótimos resultados práticos na resolução de transtornos, alívio de sintomas psicológicos, resolução de conflitos e acompanhamento de doenças crônicas.

A terapia, hoje em dia, é muito mais adaptada, eficaz e focada no problema. Trabalhar o autoconhecimento da pessoa, no que ela pode se relacionar com seu sofrimento, sempre vai aproximá-la da resolução do problema e do alívio da tensão. Conhecer-se é libertar-se, é gostar-se, é o investimento de melhor retorno!

[1] Para mais sobre o pensamento de Platão, veja Apologia de Sócrates

[2] Nietzsche: Ecce Homo: como alguém se torna o que é. Companhia das Letras, 2009.

[3] Freud: Além do princípio do prazer, 1920

Um grande abraço e até a próxima!